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A Lógica do Avestruz


"... Walt Disney também foi acusado de ser simpatizante do nazismo, de acordo com Herr Silverman. Walt Disney realmente chegou a frequentar reuniões nazistas, inseriu imagens antissemitas em seus desenhos animados e fez parte de um grupo que descriminava os judeus na indústria de entretenimento. É incrível como tanta gente é secretamente racista. Quer dizer, milhões de boas criançinhas em todo o mundo vão à Disney World e se divertem com sua família - tudo orquestrado por um suposto simpatizante nazista. Por que as pessoas não falam sobre isso? Herr Silverman diz que a Disney queria criar uma utopia tão atraente, tão convincente, que ninguém ousaria se opor a ela. "De quem vocês se lembram?" perguntou Herr Silverman, e todos entenderam que a resposta era Hitler. O que deixou um monte de gente furiosa em minha classe. Lori Sleeper disse: "Por que você está tentando arruinar a nossa infância?" E Herr Silverman respondeu: " Você preferia não saber que Walt Disney é muitas vezes acusado de ser um simpatizante do nazismo?" E Lori: "SIM!" Isso me deprimiu um pouco, porque dava para ver que ela estava falando sério. A lógica do avestruz é muito popular em minha escola. É como se as pessoas em todos os EUA fossem continuar a levar os filhos à Disney World mesmo se soubessem que o parque funcionava com energia gerada por escravos trazidos clandestinamente da África, gente que era acorrentada e forçada a pedalar bicicletas ergométricas ligadas a geradores, gente que era açoitada e passava a noite em gaiolas e que não recebia comida suficiente. Contanto que ninguém visse os escravos sendo chicoteados. Oculte as atrocidades e a maioria dos americanos continuará sendo muito feliz. Deprimente" - Matthew Quick

Gente, um livro que para a minha pessoa começou sendo bem sinistro, está se tornando cada vez mais um abridor de olhos. Qual é o livro? Perdão, Leonard Peacock.

Não estou aqui para fazer nenhuma resenha sobre o livro, nem para falar bem ou mal, tanto que ainda não terminei de le-lo. Mas, existem coisas que esse livro está me fazendo enxergar com mais clareza. Se você aprofundar muito na leitura dele, entenderá a filosofia que ele trás e não apenas a história de um garoto com problemas.

Todo mundo está completamente igual um ao outro. A colorida vida que viámos enquanto crianças foi perdendo sua cor e começamos a enxerga-la preto e branca com o passar do anos. Aprendemos a ver tudo no ângulo que ditam ser o certo e ignoramos os problemas que existem no sistema. Quer saber de uma coisa? Sabe por quê existe tantas pessoas "ruins" da cabeça? Justamente por que deixamos de ver a vida como ela é.

A partir do momento em que alguém enxerga fora do sistema, que se opõe a tal ditadura (se assim podemos chama-la), vê então que ninguém mais se importa e com isso se deprime. Se deprimem pois vêm que ninguém entende ninguém, ninguém se preocupa com ninguém e ninguém vê ninguém.

Viramos autistas, cada um em seu próprio mundinho. E quando alguém chega para interagir temos imensas dificuldades e então enterramos nossas cabeças no chão igual um avestruz.

É íncrivel perceber que quando se é denunciado os trabalhos escravos de grandes marcas, aparentemente ninguém se choca para valer. "E daí, se isso acontece? Não acontecendo comigo tá numa boa." Pode dizer que não, mas é assim que reagimos quando escândalos do tipo são descobertos. "Mas pô, é Nike, é Zara, é...", Pode ser o que for, ninguém se opõe 100%. Pois no fundo, se opor é ser "quadrado", não usar é não ser descolado, é não fazer parte da moda.

"Todos usam!" Já ouviu isso antes? "Todos fazem isso", è tipo isso, realmente. Lembro da minha mãe falar em qualquer circunstância que eu não era todo mundo, por isso não precisava do negócio que todo mundo tinha. Posso ser hipócrita por falar contra tanta coisa que eu também uso e que não saberia se conseguiria viver sem, pois é "qualidade". Mas todos nós, independente de etnia e culturas diferentes, estamos basicamente vestidos iguais. Basicamente, vemos iguais, vivemos iguais e enxergamos iguais. Conforme diz o livro, desde que não vemos essas atrocidades, vivemos muito bem e felizes, mesmo sabendo de tais coisas.

Talvez, antes de protestar contra as empresas, devemos protestar contra nós mesmos. Devemos fazer um clean-up em nossas mentes e atitudes, lavar os nossos olhos e ir tratar desse autismo social que temos.

"Oculte as atrocidades e a maioria das pessoas continuará sendo muito feliz. Deprimente."

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